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Uma leva de fashionistas mescla peças e estampas aparentemente desconexas, em um estilo maximalista e kitsch

Desde a última temporada de semanas de moda internacionais, que se encerrou no início de março, muito se falou sobre o termo “quiet luxury”, a ideia de uma moda mais sóbria e silenciosamente luxuosa. Uma leva de fashionistas, porém, tem ido pelo caminho completamente oposto – e apostado em um estilo maximalista, que mescla estampas e tendências sem preocupações. Esqueça todas as regras sobre misturar texturas ou cores, a ideia é se desprender de amarras e unir peças que, a princípio, não fazem sentido ou combinam. O resultado é uma bagunça esteticamente agradável – ou não – mas, essencialmente, kitsch.

O termo “kitsch”, também conhecido no mundo da arte e da arquitetura, surgiu na Alemanha em meados de 1860, mas se popularizou mesmo no século seguinte, usado de forma pejorativa para descrever artes populares e sem refino estético, em comparação com as eruditas e tidas como superiores pelas elites europeias da época. Com a emergência da pop art e nomes como Andy Warhol nos anos 1950, o estilo kitsch deixou de ser essencialmente negativo, ao ser impregnado com uma boa dose de ironia a partir da percepção de que a arte popular não é inferior à erudita.

Na edição do último ano do c, em novembro de 2022, o veterano Tom Martins apresentou uma coleção que mesclava inspirações de diversas fontes e filmes diferentes sem, necessariamente, muita conexão. Nas roupas, cores fortes e vivas também se misturavam, combinadas a diferentes tipos de xadrez, e looks de animal print eram sobrepostos a listras verticais e horizontais. O styling era da dupla Cacau Francisco e Anuro Anuro, conhecida pelo trabalho extravagante e multicolorido. “O maximalismo, para mim, vem como uma resposta ao momento em que estamos vivendo, uma forma de provocar e instigar”, diz Tom, cuja influência do estilo já está impregnada no DNA de sua etiqueta. “O kitsch era visto como cafona, mas, para mim, não existe o feio ou o bonito, são diferentes formas de se expressar, e acredito que exista espaço para ambas as realidades dentro da moda.”

Já para a empresária Natalia Hohagen, o maximalismo é uma forma de expressar sua personalidade expansiva e extrovertida: “Sempre me comuniquei através das roupas, depende do meu humor e de como estou me sentindo. Eu sou completamente contra essas ‘regrinhas’ da moda, o que usar, como combinar… é tudo sobre identificação e expressão!”, aponta. “Acho que esse estilo temmuito a ver comparar de se esconder, se sentir confortável e confiante em sua pele. Sempre quis ser diferente, é algo muito intrínseco a quem eu sou”, diz a fundadora do marketplace de moda Roupartilhar.

Apesar de o maximalismo ter muitos adeptos entre as novas gerações, o estilo não se restringe a eles. Como não lembrar de nomes como Iris Apfel, Vivienne Westwood e até Elke Maravilha? Mulheres fortes, que nunca “falaram baixo”, seja com suas opiniões ou seu estilo maximalista. A designer de joias carioca Claudia Savelli, 57 anos, que inclusive, já vendeu duas de suas maxipulseiras a Iris Apfel em uma visita da decoradora ao Rio de Janeiro, opina: “Para mim, é um exercício de liberdade, tanto quando crio como quando monto meus looks, vou coletando esses materiais ou garimpando essas peças semsaber o que aquilo vai se tornar. Tenho itens desde os anos 1980, meu armário é um verdadeiro brechó. Não me deixo levar pelas opiniões externas, não pinto o cabelo e nunca deixei de usar o que quero.”

Durante muitas décadas, a moda foi vista como um grande algoz, que, literalmente, ditava tendências, o certo e o errado, o cafona e o cool. Mas um longo caminho foi percorrido para que o vestuário pudesse ser visto como uma forma de expressão individual, e não apenas homogeneização. Se o quiet luxury veio como uma resposta a uma sociedade de excessos, o kitsch pode ser visto como uma tréplica a uma necessidade de se expressar sem medo. Para essa galera, a máxima é não ter regras e, sinceramente, ser provocativo às vezes vai bem. “Eu gosto de pensar que, em cada espaço do meu corpo, cabe alguma peça ou acessório”, fala Zazá Pecego, influenciadora que simboliza a tendência em suas produções. “Coco Chanel dizia que, antes de sair de casa, você deve sempre retirar um acessório. Eu digo o contrário: antes de sair, sempre coloque mais um”, completa, rindo.

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