Na lista de grandes nomes da moda no último século, não é nem um pouco difícil encontrar homens. Christian Dior, Cristóbal Balenciaga, Yves Saint Laurent, Giorgio Armani, Karl Lagerfeld, Hubert de Givenchy… Quando o assunto são mulheres, o tom da conversa parece mudar.
Criadoras femininas como Miuccia Prada, Silvia Fendi, Frida Giannini, Virginie Viard, Maria Grazia Chiuri e até mesmo Donatella Versace são hoje inconfundíveis, mas entraram no imaginário popular fashion só a partir dos anos 80.
Um fashionista mais preciosista pode até lembrar do nome de todas as irmãs Fendi (Paola, Franca, Carla, Anna e Alda) que brilharam nos anos 60 ou de “uma tal” Nina Ricci (“aquela dos perfumes”) mas é fácil voltar para Coco Chanel.
O clichê é facilmente explicado: Mademoiselle realmente foi revolucionária, assim como sua rival, a italiana Elsa Schiaparelli. A própria Schiap também parece ter voltado aos trending topics apenas depois que o texano Daniel Roseberry sacudiu os arquivos da marca.
Para onde foram os legados de grandes couturières femininas, como Lucile, Jenny e as irmãs Callot? Até a divertida Paquin (não confundir com as paquitas) foi deixada de lado.
Aqui, Vogue Brasil resgata a história de Jeanne Lanvin e Madeleine Vionnet, duas das maiores criadoras de moda, que revolucionaram a história da alta-costura.
Jeanne Lanvin
Talvez a mais conhecida dessa lista, ainda assim é possível dizer que seu segundo nome é mais famoso que o primeiro. A casa Lanvin é a mais antiga na moda francesa, mas ganhou destaque na atualidade graças ao trabalho de Alber Elbaz, que a dirigiu criativamente entre 2002 e 2015.
Sua fundadora, Jeanne, nasceu na França em 1867 e começou carreira na moda aos 13 anos, como costureira. Em 1883, se tornou aprendiz de na maison Félix, que ficava no número 15 da Rue du Faubourg Saint-Honoré, em Paris, prédio que ela compraria mais tarde e que, até hoje, abriga a Lanvin.
Com 18 anos, viajou para Barcelona, onde aprendeu os princípios básicos da confecção de vestidos. Quando voltou para Paris, em 1889, abriu seu primeiro ateliê de chapéus – os vestidos só começaram a aparecer depois do nascimento da filha, Marguerite, em 1897.
Uma verdadeira “mãe-coruja”, Jeanne fazia todas as roupas da menina, e os designs sofisticados atraíram outras clientes que também tinham filhas. A demanda levou Lanvin a inovar, criando um ateliê de roupas infantis em 1908. Entre as clientes, estava até mesmo a rainha da Inglaterra, Elizabeth, que comprava vestidinhos para suas duas filhas (a atual rainha, Elizabeth II, e sua irmã, a princesa Margaret).