
“A sensação é como se alguém estivesse te estrangulando.” Foi assim que Céline Dion descreveu o que sente ao cantar, devido à Síndrome da Pessoa Rígida, uma doença rara que enfrenta desde 2022.
Em uma entrevista à NBC News, a cantora revelou que inicialmente experimentou espasmos na garganta. “Começou na garganta e eu pensei: vai ficar tudo bem. Mas os espasmos também podem ocorrer no abdômen, na espinha, nas costelas”, disse ela.
O que exatamente é essa síndrome?
“A Síndrome da Pessoa Rígida é uma doença autoimune muito grave e extremamente rara, caracterizada por uma progressiva rigidez muscular acompanhada de espasmos”, explica o neurologista João Marcos Ferreira, membro da Sociedade Brasileira de Neurologia.
“No cérebro, há vias que relaxam a musculatura e outras que a excitam. Nesta doença, as vias de relaxamento muscular falham, prevalecendo o sistema excitatório”, detalha ele.
Inicialmente localizada, a doença tende a se espalhar para outras partes do corpo. “Normalmente começa no pescoço, avança para o tronco e alcança os membros”, acrescenta o especialista.
Para traduzir a experiência, é semelhante a cãibras intensas onde os músculos não relaxam, resultando em dor extrema. “O corpo fica rígido e contraído, com movimentos tão intensos que podem levar a fraturas”, explica João Marcos.
Céline Dion experimentou isso em primeira mão. “Cheguei a quebrar uma costela, porque os espasmos foram tão severos que causaram uma fratura”, relatou a cantora.
“É uma doença muito devastadora e sem cura. O tratamento visa aliviar os sintomas, mas a progressão é inevitável e muitas vezes leva a uma condição completamente rígida e ao confinamento na cama”, lamenta o neurologista.
Características da Síndrome da Pessoa Rígida incluem:
– Incidência rara, afetando um ou dois casos por milhão de pessoas;
– Maior prevalência em mulheres do que em homens, de duas a três vezes mais;
– Sem cura conhecida;
– Tratamento frequentemente envolve altas doses de medicamentos psiquiátricos para relaxar a musculatura e reduzir a dor;
– Pessoas com outras condições autoimunes, como diabetes tipo 1 e vitiligo, têm maior risco de desenvolver a doença;
– A progressão da síndrome pode levar de 5 a 20 anos para se espalhar pelo corpo de forma variável;
– Os primeiros sintomas geralmente aparecem entre 20 e 50 anos de idade.